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  • A morte não fecha o círculo da vida, somente renova-o...
  • Um anjo, assim como um ser humano, possui livre arbítrio... porém seu custo sempre será mais caro.
  • O amor é o oposto do ódio, mas nada impede que um gere o outro...
  • O ódio consome o ser, enlouquece e cega ao ponto de não se saber mais o que se está fazendo.
  • Cair é a consequência de se trair aos teus próprios pilares.
  • O mundo muda de acordo com o pensamento das pessoas...
  • No fundo, todos queremos ver o pôr-do-sol.
  • Um anjo pode amar?.
  • Mesmo obscurecido, não perdeis à fé em teu Criador.
  • Redenção... um árduo caminho a se seguir.
  • Ao cair o anjo pode redimir-se ou tornar-se o pior dos demônios.
  • A Estrala da Manhã nunca optou pela redenção.
  • Para os Homens, os sentimentos pesam muito em sua escolhas.
  • Os anjos não possuem sentimentos como os dos Homens.
  • A maioria somente sabe o que é vida ou morte. Anjos não possuem sentimentos, seguem ordens.
  • Porém, anjos também possuem coração.

Resumo do Conto

     Desperto em um corpo humano no mundo corrompido que ele acredita ter sido esquecido por Deus, Daniel busca por um meio de retornar à graça divina e readquirir suas asas e sua aura angelical. Após cair e perder sua memória ele caminha buscando respostas.
     Unindo-se a um grupo liderado por outro Anjo, Daniel aprende os valores mortais e acaba descobrindo os motivos do Altíssimo para colocá-los sempre à frente da raça perfeita: seus Anjos.
     Romance, Aventura, Suspense... Elementos que farão parte da nova vida de Daniel, pós-queda. Um Imortal em um corpo Mortal. A Ultima Sombra de esperança Pré-Apocalíptica.

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Capítulo 22 – Escuridão da Humanidade

Daniel e Raziel seguiam pelas ruas imundas daquela cidade em ruínas. A respiração ofegante do jovem demonstrava como seu corpo não estava acostumado com longas corridas. Fazia alguns poucos minutos que eles não ouviam mais nenhum grunhido ou som proveniente daquelas bestas que os seguiam. A paisagem somente piorava desde que Daniel passou a adentrar mais e mais aquele lugar. Não se encontrava quase nenhuma edificação de pé e as poucas que eram avistadas, estavam todas marcadas com sangue seco, marcas de um grande conflito no passado. O espanto daquele anjo em corpo humano era tanto que seus olhos quase não acompanhavam mais o terreno por onde andava e sim as marcas da brutalidade que houvera ali.

Não demora muito para que Raziel anuncie:

- Estamos chegando. Podemos andar mais lentamente.

Daniel espira fundo, ele se sente aliviado por não ter mais de correr. Logo seus músculos começam a se relaxar e algumas dores começam a surgir. Mas não leva muito tempo para que ele se acostume e passe a ignorar a dor. Assim que Raziel avista a casa da bruxa, este aponta para o local e pára na entrada. Uma pequena casa mal acabada que era feita de alvenaria e adornada com detalhes em madeira. Porém a mácula estava presente até naquela edificação, com runas marcadas em sangue, marcas de rachaduras nas paredes e madeiras. Daniel olha para Raziel com nervosismo e logo se predispõe à entrar, mas é travado por seu companheiro que lhe adverte:

- Cuidado com a bruxa, pois ela é sábia o suficiente para lhe enganar. Mas se você entrar nesta casa convicto de seus objetivos, com fé em sua missão na terra, nenhuma de suas palavras tortuosas afetarão sua mente.

Novamente Daniel se encontrava em uma situação completamente desconhecida. Além de saber que ele era um anjo e que deveria impedir o apocalipse, ele também deveria enfrentar seres místicos e de grande poder sem nem ao menos possuir algum conhecimento que lhe ajude nestas tarefas. Apesar de sentir-se um tanto perdido, Daniel prossegue e não olha para trás. Ele estava certo do que havia vindo fazer e não poderia deixar tudo de lado por insegurança. Ao entrar na casa, Daniel percebe que não havia móveis por lá e que não havia ninguém na sala principal do lugar. Estranhando o fato, ele busca por outras passagens e nota que há três portas no interior da sala. Sem pensar, ele escolhe aquela que se encontrava do outro lado da mesma, de frente para a porta de entrada, cruzando completamente o cômodo. Ao tocar na maçaneta da porta Daniel sentiu uma grande energia maligna e então percebeu que ao cruzar aquele portal ele estaria diante da mulher que Raziel falava. Sem pensar, mais uma vez, Daniel segue em frente.

***

Dante estava encostado naquela porta havia muito tempo. Não agüentava mais esperar do lado de fora, mas não poderia fazer nada. Logo mexe no bolso e retira um maço de cigarros junto a um isqueiro. Ele pega um dos cigarros e guarda o maço acendendo o isqueiro com a outra mão. Logo que dá a primeira tragada o seu pulmão sente o impacto da fumaça e dos poluentes fazendo-o sentir-se zonzo por alguns segundos. Com um sorriso sombrio no rosto ele diz a si mesmo:

- Fazia tempo que eu não ficava assim tão nervoso.

Ele olha no relógio que carregava no braço, ainda faltava algum tempo para a chegada daquele informante. Ramon e Ana já estavam examinando tudo dentro daquele prédio e logo seria desvendado o motivo daquela sujeira toda. Cinco corpos mortos em um quarto, todos os cinco eram mulheres e nenhum sangue pelo local. Aparentemente eram vampiros, mas enquanto não tivessem certeza, não poderiam afirmar nada. Logo seu celular toca e pelo número no visor, Dante percebe que o informante estava a lhe ligar. Rapidamente atende:

- Fala aí seu lerdo, está atrasado. Não agüento mais te esperar...

Antes que aquele informante pudesse falar, o som no fundo de um carro cantando pneus chama a atenção do Imortal, então a voz exausta do informante surge:

- DANTE! DANTE! Me ajuda! Por favor!

Dante olha para a esquina, onde ouviu novamente o mesmo cantar de pneus e notou o homem que aguardava fugindo de um carro. O carro era um Peugeot preto com vidros escuros, impossibilitando ver o motorista. Rapidamente o Imortal começa a correr na direção do informante sacando sua FN P90, uma submetralhadora que ele carregava sempre em suas costas oculta pelo sobretudo que usava. Porém o tempo não estava a favor de Dante, quando ele começa a erguer a arma a cena do seu informante sendo atropelada atravessa sua mente e o carro rapidamente faz uma curva brusca entrando em uma viela próxima. O Imortal se encontrava com a submetralhadora apontada para a rua, onde começava a encher de gente curiosa. Logo ele percebeu que poderia perder muito se ficasse por aquela área com tanta gente chegando. Dante corre para o prédio e começa a ligar para Ana enquanto sobre as escadas do edifício.

***

Daniel adentra o cômodo onde encontraria a mulher que Raziel havia lhe indicado. Logo que observa o lugar o jovem cai para trás no susto que levou. O quarto aparentava não ser arrumado há décadas e a mobília estava em péssimo estado transmitindo a sensação de que aquele era um cômodo pessoal. No final do aposento, havia uma poltrona onde se encontrava uma mulher idosa sentada na posição de lótus com seus olhos e boca costurados de uma ponta a outra. Ainda recuperando o fôlego, Daniel se levanta apoiando-se cautelosamente no esquadro de madeira da porta. Ele olhava atento e temeroso para aquela senhora. Após dois ou três passos adentro, ele se assusta novamente. Os olhos e boca daquela mulher começam a perder a costura, como se os fios que trançavam sua pele fossem feitos de cinzas e desmanchassem-se no ar. No momento do susto Daniel exclama:

- Meu Deus!

Aquela mulher abre seus olhos, que possuíam um tom claro acinzentado, como seus cabelos, e olha diretamente para ele. Sua boca se abre revelando uma arcada dentária precária, onde os poucos dentes que a compunham eram negros ou não tinham parte do esmalte. Ela começa a falar:

- Daniel, Principado dos Reinos do Céu, que desceu ao mundo pecador em forma humana. Por que clama por teu Pai neste lugar cuja mácula foi marcada eternamente pelos Anjos?

Daniel assume uma postura mais séria e então se aproxima ainda temeroso por dentro. Ele diz:

- Eu não compreendo muito ainda do que eu era. Estou aqui para buscar minha Aura Angelical e impedir o fim do mundo.

Ela olha bem fundo em seus olhos e pergunta:

- E por que veio a este lugar buscar essas respostas?

Daniel pensa rapidamente e prossegue com o diálogo:

- Raziel, Príncipe dos Querubins, me instruiu a procurá-la. Ele disse que a Senhora tem um método para que eu possa recuperar minha Aura Angelical.

A senhora abre uma das mãos e logo em seguida abre a outra. Na palma de cada mão havia uma chave. Ela pergunta:

- Se a vida e a morte se ocultassem atrás de uma porta, o fim do mundo fosse tão iminente que você só pudesse escolher uma delas, qual você escolheria? A chave da vida... – ela ergue a mão direita – ... ou a chave da morte? – ela conclui a pergunta abaixando a mão direita e erguendo a mão esquerda.

Daniel olha para as duas chaves, que apesar de serem idênticas não possuíam o mesmo formato em seu segredo. Ele pensa sobre as chaves e depois pensa sobre o fim do mundo. Não seria algo simples demais de se responder, apesar da resposta estar na sua cabeça desde quando ela revelou sobre uma porta de vida e outra de morte. O anjo logo olha para ela, ainda sério, e aponta para a mão esquerda dela dizendo:

- A morte. Se o mundo acabar, não terei mais utilidade.

Ela fecha a mão direita e dá a chave da mão esquerda para ele. Logo em seguida ela dispara outra pergunta:

- O mundo é cruel, afirmam os humanos que você quer tanto se proteger. Eles não enxergam que suas escolhas fizeram deste mundo o que ele é hoje e por isso culpam tudo o que puderem. Assim como a indisciplina de Eva em comer do fruto proibido, você foi lançado dos Céus para viver como um humano... Você desiste desta graça para sacrificar sua existência em prol daqueles que abandonaram os antigos ensinamentos?

Daniel olha para as próprias mãos. Em uma delas estava a chave da morte e na outra ele vê o desenho do corpo humano. Por alguns segundos seus sentidos se expandem ao ponto dele poder sentir cada célula em seu corpo, cada parte viva de si e o todo que essas células compunham formando seu corpo humano. Então ele ergue a cabeça e diz:

- Meu dever é proteger a humanidade e não fantasiar ser parte dela.

Desta vez a senhora sorri e assim que Daniel esboça confusão com o sorriso dela, mais uma pergunta surge:

- Para enxergar a luz, todo ser humano deve caminhar pelas trevas. Você concorda com essa frase?

Daniel olha pensativo e logo dispara:

- Não. Eu reformularia dizendo: Caminhar pela luz é saber cruzar as trevas.

Novamente um sorriso e por fim a senhora pergunta:

- Está disposto a sacrificar uma vida em nome do resto da humanidade?

Sem pensar Daniel diz:

- Estou.

Ela estende o braço para ele e de seu pulso começa a brotar uma ferida. De dentro do corpo daquela mulher começa a sair um tipo de fio negro que caminha no ar seguindo até Daniel. O jovem se sente acuado, mas resolve não esboçar tal sentimento e se imobiliza. O fio percorre o espaço entre os dois e então toca o peito dele rasgando sua blusa. O susto faz com que Daniel dê um passo para trás, mas isso não impede que o fio avance mais. Desta vez mas voraz, o fio rasga o peito do jovem e adentra em seu corpo. Ele não sente muita dor, mas contorce as feições devido o pequeno corte. Logo todo o fio passa do corpo dela para o corpo dele. As feridas em ambos são fechadas no final do processo, mas a senhora simplesmente cai para o lado sem sinais de vida. Daniel olha para ela receoso, não queria acreditar que ela estava morta. Mas então ele pôde ver nitidamente o espectro da alma abandonando o corpo dela e erguendo-se acima do corpo. Com um sorriso meigo ela diz:

- Esses fios manterão seu corpo quando sua Aura de libertar. Isso fará com que você possa ser mais humano e aprenda mais sobre o que quer defender... Da mesma forma que eles mantinham meu coração batendo após tantos séculos, eles irão manter seu recipiente intacto quando sua alma de anjo regressar...

Daniel dá um passo para frente, aturdido com o ocorrido, estende a mão e diz:

- Não! Por quê? Não precisava fazer isso por mim! Eu só queria que você libertasse minha Aura, não precisava morrer por isso...

Ela começa a subir para uma fonte inigualável de luz e em seu caminho ela finaliza dizendo:

- Eu lhe perguntei se você assumiria sacrificar uma vida por um mundo enegrecido, você aceitou. Não tema meu jovem, você já começou salvando minha alma... Agora vá e salve o mundo!

Daniel começa a refletir. Havia mesmo concordado com as palavras dela, mas por um equivoco, ele acreditou que a vida sacrificada fosse sua própria. Logo seus olhos começaram a lacrimejar e ele orou em silêncio pedindo pela proteção daquela alma. Tão de repente o seu corpo começou a se enrijecer e seus músculos começaram a se contrair. O sentimento de culpa desencadeou o rompimento do selo de Raziel e sua Aura Angelical ameaçava se libertar o quanto antes. Daniel caiu de joelhos e pediu perdão ao seu pai, mas agora ele precisava seguir com o planejado e impedir uma catástrofe contra toda a humanidade.

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