Após Daniel passar pela porta, ele logo nota que está em um grande corredor. Há pelo menos umas seis portas no local, até onde seus olhos podem ver. Sem rumo, ele decide aguardar pela mulher. Logo Ana sai do quarto em que ele estava e indica o quarto de Raziel, sem dizer uma palavra devido o constrangimento anterior. Daniel não se intimida, não aguarda, e segue em frente abrindo a porta. Seu corpo estava sendo mais impulsivo do que de costume, mas ele agora seguia seus sentimentos, que apesar de estarem confusos, ainda lhe eram ponto chave para tomar decisões. Enquanto isso Ana adentra o local logo atrás dele, puxando um aparelho celular e fazendo uma ligação tomando cuidado para que sua voz não incomode a conversas dos dois que acabam de se encontrar.
Raziel estava deitado, mas tão logo Daniel despertou, ele sentiu sua energia e decidiu aguardar que viesse em sua procura. No fundo, ele sabia que Daniel faria isso. Então aguardou até ouvir o som da porta se abrindo. Neste instante, ele levanta-se descobrindo o corpo ao empurrar o lençol. Para a surpresa de Daniel, Raziel estava diferente. Não em essência, pois agora Daniel sentia algo parecido com a energia fantástica que emanava do corpo do amigo, mas sim em aspecto. O anjo, líder dos Querubins, agora era mais alto, uma aparência mais delineada, cabelos negros e longos medindo abaixo de suas costelas, olhos claros e serenos. Suas vestes eram simples, no corpo um tipo de túnica branca que recobria todo o seu ser, impecavelmente costurada com detalhes na divisão para as pernas e prolongamento para os braços, no rosto um tipo de máscara para a boca feita de tecido suave. Raziel era completamente diferente daquele homem que se apresentou para Daniel no hospital. Isso fez com que o jovem paralisasse, confuso, desnorteado. Como se entendesse o que afligia o Principado, Raziel começa a falar:
- Daniel, essa é minha verdadeira forma...
Após ouvir essas palavras, Daniel entra em um estado vegetativo, como se algumas lembranças do passado viessem à tona.
-*-*-*-*-*-*-*-*-FLASH DE MEMÓRIA-*-*-*-*-*-*-*-*-
Daniel estava junto de Haniel, seu líder de ordem, aguardando informações de um membro da ordem dos Potências. Eis que então que Aniel surge dos céus com suas belas asas e mesmo antes de pousar, ele diz:
- Haniel, Daniel, venho comunicar que os Céus foram vitoriosos! Não tivemos baixas e não viemos a interferir no mundo, como ordenado pelo Altíssimo. Porém, um de nós foi visto em sua verdadeira forma por um humano. Ele é Raziel, que insiste em tentar voltar e consertar o que fez. Parece que agora o trabalho é dos Principados de organizar a bagunça que os demônios deixaram na Terra.
Haniel olha para Daniel com grande surpresa e este lhe retribui o olhar. Eles pensavam em como o líder dos Querubins poderia voltar atrás com o erro que cometeu. Então, prontos para o trabalho, os dois se despedem de Aniel e seguem para a Terra para fazer com que os ventos se espalhem e a terra vibre em fúria sobre as cidades antes dominadas pelos demônios com a permissão de humanos mal intencionados.
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Voltando ao seu corpo, Daniel ainda não diz nada. O silêncio toma o lugar, mas não dura muito, Raziel continua:
- Não estranhe esta pele, estes cabelos ou estas vestes. Pois é um anjo e um dia já se portou com similares. Mais hoje não é dia de se descobrir mais do que já se sabe. Estou fraco, usei muita de minha energia e preciso descansar. Peço o mesmo a você. Ana irá lhe apresentar aos residentes, depois, volte ao seu quarto e durma. Amanhã será um longo dia.
Logo em seguida o anjo se deita, voltando-se para o teto com o olhar, longe de pensar no lugar onde estava, longe dali. Daniel por sua vez, decide acatar o pedido de Raziel, agora as lembranças vinham com mais constância e ele já estava se decidindo de que era mesmo um anjo. Logo olha para Ana que sorri condescendente com os desejos ainda não expressos do rapaz, vira-se para a porta e acena para que ele saísse. Desanimado com o descaso de Raziel, Daniel sai e procura esperar por Ana na porta, analisando o lugar mais uma vez.
No corredor, Ana decide dizer algumas coisas antes de prosseguir:
- Iluminado, creio que esteja com fome. Por isso, organizei um almoço de apresentações para você. Acredito que já estão todos lá em baixo à nossa espera. Venha comigo por favor, assim será mais fácil conhecer a todos de uma vez.
Daniel nada diz, ainda se sentia perdido. Em seu íntimo, se perguntava por que não estava nos céus se era um anjo, ou se agora ele tinha uma nova família. Ele estava perdido, estava completamente zonzo e impotente aos acontecimentos recentes. Por fim, segue a mulher até as escadas no final do corredor. Ao descer um lance de escadas, ele chega ao que parece ser um hall de recepção, com uma grande porta que aparentava ser a entrada do local e duas outras passagens sem portas em cada um dos dois lados da sala. Aguardando Ana seguir até o ponto de destino, Daniel olha para os móveis e percebe que o estilo antigo que tomava posse do quarto em que despertou também era decoração do resto do ambiente, fazendo assim daquele lugar uma representação típica dos filmes que ele já havia visto quando se referia à mansão de um duque, ou lorde medieval.
Entrando na passagem à esquerda das escadas, eles chegam ao que parece ser uma sala de jantar onde há uma enorme mesa com mais de vinte cadeiras. O local permanecia com a mesma decoração. Haviam duas pessoas sentadas na mesa e uma de pé, recostada em uma estante. A pessoa de pé chamou mais a atenção de Daniel por ser uma mulher de belas curvas, cabelos medindo pouco abaixo dos ombros num tom negro como a sombra, pele morena num tom claro, olhos também negros e lábios carnudos, seus traços assemelhavam-se ao de índios. Porém, sua personalidade transmitia um ar esnobe quando ela dá de ombros ao ver a chegada do jovem. Suas roupas eram simples e curtas, um top que realçava seus grandes seios e um pequeno short que deixava a poupa de sua bunda para fora, ambos de cor branca.
Os dois que estavam sentados eram mais simples, um homem com cabelos pretos e curtos em portando um aspecto arrepiado, roupas negras simples e longas, de porte magro e traços europeus. Já o outro, era conhecido por Daniel como o antigo “corpo” de Raziel. Este ultimo sorri para os recém chegados e se levanta dizendo:
- Enfim acordado.
Aquele que veste roupas negras diz, ainda sentado:
- Acredito que a festa vai começar agora. Finalmente vamos beber vinhos caros e comer algo descente!
Daniel, se sentindo na obrigação de dizer algo, dá um passo à frente e fala:
- Não há necessidade disso. Gostaria de me apresentar... sou, Daniel...
1 Comentário:
Bem vindo ao clube do bolinha xD
13 de maio de 2010 às 18:38